segunda-feira, 2 de maio de 2011

MORTAL KOMBAT - ANÁLISE

Sucesso absoluto na década de 90, a série de luta "Mortal Kombat" rivalizou com "Street Fighter" no período pelo título de franquia de pancadaria mais popular, deixando para trás até outros nomes fortes, como "King of Fighters" e "Tekken".

A história mudou nos anos 2000: enquanto "Street Fighter" tirou uma bem merecida soneca, "Mortal Kombat" cambaleou com jogos em 3D medíocres, que só serviram para enroscar o enredo da grife e colecionar críticas ruins e ideias ainda piores. Por exemplo, um dos games dessa época tinha minigames de corrida e quebra-cabeça com visuais fofinhos, fugindo totalmente da proposta violenta pela qual a cria de Ed Boon e John Tobias sempre se caracterizou.

Ao passo que "Street Fighter" se renovou nos últimos dois anos com um quarto episódio canônico, "MK" busca neste nono título fazer o mesmo. A receita é simples: voltar às origens, resgatando o carisma dos personagens e, principalmente, a violência brutal e visceral que assustou tanta gente lá em 1992. O resultado não poderia ser diferente: sucesso absoluto.

Novo kombate; espírito retrô

Este novo "Mortal Kombat" faz cara feia, mas não renega o passado abominável. Logo de cara, a história dá um jeito de remendar as coisas, usando o artifício de viagem no tempo: o deus do trovão Raiden avisa a si mesmo no passado sobre o terrível desfecho da série de torneios Mortal Kombat, advertindo-o para que corrija as burradas e, de quebra, salve o planeta Terra e todo mundo nele.

O truque serve para que os produtores nos levem de volta ao período de ouro da série: os três primeiros episódios. O plantel reflete isso, trazendo de volta todos os lutadores da trilogia - acompanhados de duas surpresas, sendo um velho conhecido e outro totalmente inédito, mas não menos empolgante.

Scorpion vs. Ermac


Os gráficos empregam tecnologia 3D de alta qualidade, usando a popular Unreal Engine para proporcionar lutadores cheios de detalhes, com roupas e peles que se rasgam, exibindo hematomas e feridas grotescas, assim também como cenários suntuosos, igualmente repletos de minúcias, elementos animados e efeitos de luz. Visualmente, "Mortal Kombat" é um jogo saboroso, novamente fazendo rivalidade a "Street Fighter IV" e seu estilo artístico único.

Modernidade impera no visual, mas isso não acontece na mecânica, que segue na contramão e coloca a série de volta nos eixos bidimensionais que a catapultaram para o estrelato. Ou seja, "Mortal Kombat" é um jogo de luta 2D, à moda antiga mesmo, com golpes simples de executar e mecânicas inéditas que renovam a série.

A base de tudo é uma barra na parte de baixo da tela, dividida em três partes. Conforme se dá e leva porradas ela enche, possibilitando usar versões melhoradas de seus golpes especiais, contragolpes e os ataques de Raio-X, principal novidade pensada por Ed Boon, que consiste em uma série devastadora de golpes, que mostram o esqueleto do adversário rachando no impacto, para causar aquela sensação de espanto e desgosto tão marcante na franquia.



Sub-Zero e Scorpion revivem uma das rivalidades mais antigas dos games


"MK" ainda apresenta também combates entre duplas, possibilitando mudar entre um e outro 'kombatente' a qualquer momento e até mesmo realizar combos e chamar o colega para rápidas assistências - isso, bem ao estilo "Marvel vs. Capcom".

De maneira geral, o sistema foge das complicações extremamente técnicas de games como "King of Fighters" ou mesmo "Street Fighter", mas consegue também ser o mais estratégico "MK" já feito - não à toa, é o primeiro game da série que será usado oficialmente em torneios de jogos de luta no exterior.

Opções sem fim

"Mortal Kombat" acerta em cheio ao resgatar dezenas de personagens queridos e jogá-los de volta para arrancarem o couro um do outro em arenas 2D, mas a galera da produtora NetherRealm sabia que isso não seria o bastante para limpar de vez o nome da série depois de tantos tropeços no passado. Assim, o estúdio tratou de caprichar: o disco apresenta uma imensa quantidade de conteúdo, que aparece na forma de variados modos de partida, disputas online e muito, muito material extra, que vai desde roupas e Fatalities adicionais, até músicas, artes conceituais e referências ao passado - como o Dan "Toasty" Forden, aquele cara que aparece no cantinho da tela do nada e dá um gritinho.

Dentre as opções de jogo, há o tradicional estilo Arcade (agora chamado Ladder) e também o História. Assim como em "MK vs. DC Universe", o enredo alterna entre diversos capítulos, cada um protagonizado por um lutador que o jogador controla, e aqui conta tudo que acontece entre "MK1" e "MK3" - claro, com uma boa dose de surpresas, visto que agora se trata de uma linha do tempo alternativa à dos games originais. Cheio de cenas de animação para explicar direitinho a história (algumas um bocado ridículas e bobocas), este modo conta com boas 4 a 5 horas totais de partida, e é por meio dele que se abre os personagens secretos.

Veja a abertura do jogo com legendas em português


Seguindo adiante, há quatro minigames de teste às suas habilidades: Test Your Might (similar ao do primeiríssimo "MK", em que se deve acumular força e quebrar objetos), Test Your Strike (parecido com o anterior, mas exige mais precisão), Test Your Sight (um simples jogo de achar o objeto escondido e embaralhado) e Test Your Luck, um duelo repleto de condições aleatórias que pode reduzir sua força, aumentar a defesa, apagar as luzes da fase, vira a tela de ponta cabeça e até arrancar as cabeças do lutadores - tudo isso ao mesmo tempo, sem contar outras tantas dezenas de variáveis.

Outra apostada acertada é a Challenge Tower, opção que oferece centenas de pequenos desafios a serem batidos, que rendem moedas para comprar conteúdo extra, novos minigames do tipo Test e, eventualmente, liberam uma grande surpresa.

Para completar, há o tão prometido modo online, que desde o início do projeto a Warner já apontava como um dos aspectos mais importantes deste "MK", e não decepciona. De partidas casuais a duelos valendo ranking, sozinho ou em dupla, o sistema é eficiente traz até um divertido King of the Hill, em que vários jogadores podem fazer fila e assistir enquanto uma galera se detona enquanto a espera a própria vez. Um ponto bacana: você pode até chamar um amigo em casa e vocês dois jogarem online, nos modos em dupla.

Português sofre

Para nós brasileiros, um aspecto muito interessante e aguardado deste nono "MK" é a localização para português do Brasil. Graças à insistência do produtor Hector Sanchez, o jogo conta com legendas em nosso idioma (nada de dublagem), mas o resultado não é dos melhores já vistos por aqui. A tradução apresenta erros grotescos, que vão desde erros de ortografia e gramática até escolhas bem estranhas de tradução.

De maneira geral, o trabalho ajuda a navegar sem complicações pelos menus e acompanhar a história da campanha principal, mas é extremamente desagradável ver nas lutas, por exemplo, o termo "Primer Golpe" ao acertar o primeiro ataque ou então "Recuperao" (em vez de "Recuperação"). Não chegam a afetar diretamente a mecânica, mas parece desleixo da Warner ver erros absurdos assim de revisão - ainda mais se comparado com o que Microsoft e Sony têm feito ultimamente, com jogos legendados e dublados em português do Brasil.

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